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A cineasta peruana Rossana Díaz Costa fala sobre suas paixões: o cinema e um clássico da língua espanhola

Dezembro de 2023

Catherine Jewell, Divisão de Informação e Divulgação Digital, OMPI

Rossana Díaz Costa cresceu com uma paixão por literatura e cinema. Ela estudou literatura, mas como era uma cinéfila assumida, rapidamente, decidiu se voltar ao cinema. “Adoro minha vida literária, mas é algo que faço sozinha, enquanto o cinema, quando se tem dinheiro, é incrível. Filmar é como mágica, você vê seu roteiro ganhar vida", explica Díaz Costa.

Filmar é como mágica, você vê seu roteiro ganhar vida.

Após concluir um doutorado em literatura na Espanha, Díaz Costa decidiu satisfazer suas ambições cinematográficas, estudando direção e roteiro em escolas de cinema em La Coruña e Madri. No entanto, quando voltou para o Peru, forjar uma carreira cinematográfica foi um desafio. Díaz Costa explica: “Era muito difícil ser cineasta no Peru, onde a indústria cinematográfica é inexistente, e ser mulher torna a empreitada duas vezes mais difícil. É muito complicado. Mas quando tem um monstrinho na sua cabeça mandando fazer um filme, você faz.”

Em 2022, Díaz Costa realizou uma ambição de longa
data e fez uma adaptação cinematográfica de seu
romance favorito: Un Mundo para Julius, do
renomado escritor peruano Alfredo Bryce
Echenique. (Foto: Cortesia de Rossana Díaz Costa)

Em 2022, Díaz Costa realizou uma ambição de longa data e fez uma adaptação cinematográfica de seu romance favorito: Un Mundo para Julius, do renomado escritor peruano Alfredo Bryce Echenique. O filme foi aclamado ao ser lançado em 2021 e indicado para um Prêmio Gaudi 2022. Díaz Costa conversou recentemente com a Revista da OMPI sobre sua jornada cinematográfica, os desafios que enfrentou enquanto diretora e como está promovendo o cinema no Peru, especialmente entre meninas e mulheres.

O que excitou sua imaginação em Un mundo para Julius?

Li o romance pela primeira vez aos 12 anos. Foi o primeiro livro do mundo adulto, embora seja a história das experiências de Julius quando criança. A leitura me impressionou muito, mudou completamente minha visão de mundo e levantou muitas questões sobre coisas que eu não entendia muito bem sobre meu país na época. O livro aborda questões de desigualdade, racismo e violência de gênero através de um olhar infantil. A criança que eu era se identificou com a história, mesmo quando não entendia perfeitamente os problemas tratados. Li o romance todos os anos ao longo do ensino médio. Na universidade, usei-o como referência na minha disciplina de estudos gerais e, na escola de cinema de Madri, em minha aula de adaptação cinematográfica. Meu professor achou que era uma maluquice usar um romance de 600 páginas para esse exercício – mas, para mim, era algo que eu tinha que fazer. É difícil explicar, mas o romance me perseguia.

“A ideia de transformar Un mundo para Julius em filme não saía da minha cabeça”, diz Rossana Díaz Costa. (Foto: Cortesia de Rossana Díaz Costa)

A ideia de transformar Un mundo para Julius em filme não saía da minha cabeça. Mas era uma responsabilidade imensa, porque se trata de um romance muito importante do Peru e do mundo hispanofalante. Conheci o escritor Alfredo Bryce Echenique quando estava na Espanha. Foi um momento muito importante para mim.

Em que momento você decidiu adaptá-lo para o cinema?

Depois de realizar meu primeiro filme, lecionei em uma universidade no Peru durante muitos anos, e sempre que mencionava o romance Un mundo para Julius para meus alunos, ninguém sabia do que eu estava falando. Eu não conseguia acreditar que eles não tinham estudado esse clássico na escola. Ao mesmo tempo, percebi que o Peru não havia mudado em nada e parecia estar repetindo os problemas básicos descritos no romance. Decidi, então, que estava na hora de adaptá-lo para o cinema. Assim, eu poderia mostrá-lo às novas gerações e lançar uma luz sobre seu discurso social, que continua atual.

Fazer o filme reuniu minhas duas paixões profissionais: literatura e cinema. Foi um casamento perfeito. Comecei a escrever o roteiro sem saber se algum dia conseguiria obter os direitos para fazer o filme. Foi uma coisa maluca. Normalmente, primeiro você obtém os direitos e depois escreve o roteiro.

Fazer o filme reuniu minhas duas paixões profissionais: literatura e cinema. Foi um casamento perfeito.

Em seguida, escrevi ao agente literário de Bryce Echenique na Espanha para perguntar se eu poderia obter os direitos do romance. Ele me disse que Echenique estava velho e doente, e que, em cinco ocasiões anteriores, produtores haviam obtido os direitos, mas não tinham feito o filme. Por isso, ele só concederia os direitos a pessoas que tivessem escrito um primeiro projeto de roteiro. Ele achou que ia se livrar de mim e ficou perplexo quando eu disse que já tinha escrito tudo! Enviei o roteiro uma semana depois!

E o que aconteceu?

O agente me propôs um preço de Hollywood pelos direitos, muito além das minhas possibilidades, então escrevi para Bryce Echenique explicando a situação. Por sorte, ele havia assistido ao meu primeiro filme e gostado, então disse a seu agente para me dar um desconto de 50% nos direitos. Isso viabilizou o projeto. Desde então, Bryce Echenique e eu nos tornamos grandes amigos. Ele me dá muito apoio.

Como foi a adaptação cinematográfica de um livro de 600 páginas?

Tive que decidir o que eu realmente queria mostrar no filme. O romance trata de diversos assuntos, mas é essencialmente sobre a passagem da infância à vida adulta de uma criança chamada Julius, que perde paulatinamente sua inocência ao testemunhar as injustiças que ocorrem em sua própria casa. Julius descobre que a sociedade peruana está dividida entre “os que têm” e “os que não têm”, e ele não se sente feliz com isso. Na verdade, ele é vítima da classe abastada à qual pertence. Mas ainda me restavam 300 páginas. Por isso, tive que selecionar os episódios mais interessantes da vida de Julius que funcionassem do ponto de vista cinematográfico. Eu me diverti muito fazendo isso.

Un mundo para Julius trata da passagem da infância à vida adulta de uma criança chamada Julius que perde paulatinamente sua inocência ao testemunhar as injustiças que ocorrem em sua própria casa. (Foto: Cortesia de Rossana Díaz Costa)

Quanto custou a produção do filme e quanto tempo levou para realizá-lo?

A produção custou cerca de US$ 800 mil. É pouquíssimo dinheiro. O filme é ambientado na década de 1950, por isso a direção de arte – que cuida dos cenários, figurinos e objetos cênicos que correspondem a essa época – foi a parte mais cara e demorada da produção. A filmagem em si foi curtíssima, só 25 dias. Mas foram necessários dois anos para chegar a esses 25 dias. Eu gostaria de ter tido mais tempo, mas o dinheiro não era suficiente.

A que se deve o sucesso do filme?

Ele trata de temas atemporais e universais. Todos nós já fomos crianças e podemos nos identificar com esses temas, além disso, os problemas de desigualdade, racismo e violência de gênero continuam sendo muito comuns. Os conflitos sociais do mundo decorrem da enorme diferença entre as pessoas que têm dinheiro e as que não têm. O público que assiste ao filme traça paralelos com seu próprio país e relaciona os temas a sua própria realidade. No final do filme, eu também adicionei meu próprio toque – não consta do romance – porque eu queria que todos entendessem que essas questões ainda estão influenciando a vida das pessoas até hoje.

Un Mundo para Julius trata de temas universais. “O público que assiste ao filme traça paralelos com seu próprio país e relaciona os temas a sua própria realidade”, afirma Díaz Costa. (Foto: Cortesia de Rossana Díaz Costa)

O que o cinema representa para você?

Para mim, o cinema é mais do que uma paixão, é uma maneira de transmitir ideias. Eu também escrevo livros, mas com um filme você pode alcançar mais gente. Muitas pessoas não leem, mas gostam de ir ao cinema. É uma maneira de fazer as pessoas pensarem sobre as razões pelas quais as coisas são como são e como podemos mudá-las. Ainda que seja uma única pessoa que decida mudar as coisas para melhor, já é o suficiente. As pessoas precisam discutir essas questões.

Para mim, o cinema é mais do que uma paixão, é uma maneira de transmitir ideias.

Como você gostaria de ver o cinema evoluir no Peru?

Eu gostaria que o Peru tivesse uma escola pública de cinema. É assim que poderemos começar a desenvolver as habilidades técnicas especiais necessárias para construir uma indústria cinematográfica no país. Embora exista um pouco de apoio governamental para os cineastas, é preciso que nossos formuladores de políticas públicas reconheçam que é do interesse do Peru ter uma indústria cinematográfica e fazer do nosso setor criativo uma prioridade.

Por que você criou sua própria produtora?

Tive que me tornar produtora de filmes – realmente não gosto desse aspecto do negócio – porque precisava garantir o financiamento, e a única maneira de fazer isso era criar minha própria estrutura. No Peru, é impossível encontrar alguém do setor privado para financiar filmes. Geralmente eles não veem nenhum interesse financeiro no cinema. Felizmente, encontrei vários produtores associados – pessoas físicas, não empresas – que decidiram investir no projeto.

Qual era sua experiência na distribuição de filmes?

A distribuição de filmes era uma novidade para mim. O filme estreou em novembro de 2021, cerca de um mês depois da reabertura das salas após a COVID. Ele ficou em cartaz durante sete semanas, o que foi uma boa surpresa. O filme também se saiu muito bem em festivais de cinema e chamou a atenção de várias universidades que oferecem cursos de estudos latino-americanos, literatura e comunicação. Eu não havia previsto esse fluxo de receita. Mas, infelizmente, ele nunca chegou às plataformas Netflix e Amazon por causa de um erro terrível. Sem meu conhecimento, um dos parceiros, uma emissora de TV, colocou o filme em sua própria plataforma, o que arruinou a exclusividade. Aprendemos da maneira mais difícil. Ainda tenho muito o que aprender sobre a distribuição de filmes.

“Eu gostaria que o Peru tivesse uma escola pública de cinema. É assim que poderemos começar a desenvolver as habilidades técnicas especiais necessárias para construir uma indústria cinematográfica no país”, explica Díaz Costa. (Foto: Cortesia de Rossana Díaz Costa)

Como tem sido sua experiência como mulher cineasta?

Não tem sido nada fácil. O Peru tem uma cultura muito machista, e levou algum tempo para que as pessoas admitissem que uma mulher é capaz de fazer filmes. O preconceito de gênero entre os financiadores e críticos de cinema é muito frustrante. Por exemplo, quando procurei um banco que financiasse Un mundo para Julius, os responsáveis não acreditaram que eu não tinha um produtor homem. Curiosamente, quando fui acompanhada pelo meu produtor argentino – portanto, um homem – para o meu primeiro filme, as portas de repente se abriram. Posso contar centenas de histórias parecidas. Mas no set, nunca tive problemas. Os homens da equipe sempre me respeitaram.

As mulheres representam apenas 15% de todos os cineastas do Peru [...] Mas estou muito otimista em relação ao futuro, porque cada vez mais mulheres estão interessadas em fazer cinema, escrever roteiros e aprender a dirigir e produzir filmes.

Sou presidente de uma associação chamada Nuna – significa “alma” em quíchua – que reúne cerca de 45 diretoras de cinema peruanas. Todas nós tivemos experiências semelhantes e nos apoiamos mutuamente. Por meio da Associação, organizamos mini festivais de cinema que apresentam o trabalho de realizadoras. Eles são muito populares. Também vamos às escolas para mostrar aos alunos e alunas que as mulheres são capazes de fazer e fazem filmes.

Como você vê o futuro das diretoras de cinema do Peru?

Cerca de 20 mulheres peruanas da Nuna realizaram longas-metragens, incluindo documentários. Outras 30 fizeram curtas-metragens. As mulheres representam apenas 15% de todos os cineastas do Peru, e somente 1% delas não é de Lima. Mas estou muito otimista em relação ao futuro, porque cada vez mais mulheres estão interessadas em fazer cinema, escrever roteiros e aprender a dirigir e produzir filmes. Elas também vêm demonstrando interesse na parte técnica do cinema, que sempre foi dominada por homens. Nos próximos 20 anos, acho que veremos muito mais mulheres cineastas no Peru.

Que conselho você daria para jovens aspirantes a cineastas?

Primeiramente, enquanto cineasta, é preciso entender a propriedade intelectual e os direitos que você tem. Assim, poderá proteger seu trabalho, ganhar dinheiro e combater a pirataria de filmes. É muito importante que você não desperdice todo o esforço que dedicou ao seu trabalho permitindo versões piratas em DVD ou no YouTube. Muitas pessoas acham que a pirataria é algo normal, mas ela representa um total desrespeito ao seu trabalho.

Todos sairão ganhando se conseguirmos alcançar um equilíbrio entre o direito do público à arte e o direito do criador a ser reconhecido e recompensado por seu trabalho.

Algumas pessoas acham que permitir que todos vejam seus filmes gratuitamente é bom para o público, mas se os cineastas não puderem ganhar a vida com seu trabalho, como poderão se dar ao luxo de oferecer novas criações? Todos sairão ganhando se conseguirmos alcançar um equilíbrio entre o direito do público à arte e o direito do criador a ser reconhecido e recompensado por seu trabalho. Ainda há muita educação a ser feita em relação a isso.

Em segundo lugar, para as meninas interessadas em cinema, minha mensagem é: não tenham medo. Não deixem que uma experiência ruim as impeça de continuar. Entrem em contato com outras mulheres que estejam fazendo filmes e criem seus próprios grupos de apoio.

A Revista da OMPI destina-se a contribuir para o aumento da compreensão do público da propriedade intelectual e do trabalho da OMPI; não é um documento oficial da OMPI. As designações utilizadas e a apresentação de material em toda esta publicação não implicam a expressão de qualquer opinião da parte da OMPI sobre o estatuto jurídico de qualquer país, território, ou área ou as suas autoridades, ou sobre a delimitação das suas fronteiras ou limites. Esta publicação não tem a intenção de refletir as opiniões dos Estados Membros ou da Secretaria da OMPI. A menção de companhias específicas ou de produtos de fabricantes não implica que sejam aprovados ou recomendados pela OMPI de preferência a outros de semelhante natureza que não são mencionados.