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BrightSign: luva inteligente dá voz aos que não podem falar

Outubro de 2019

Por Catherine Jewell, Divisão de Publicações, OMPI

Milhões de pessoas mundo afora usam a língua de sinais para comunicar e dependem de um amigo ou parente para fazer a interpretação. A inventora saudita Hadeel Ayoub, fundadora da startup BrightSign, situada em Londres, conta como desenvolveu BrightSign, uma luva inteligente que opera com auxílio de IA para ajudar os usuários da língua de sinais a comunicar diretamente, sem a assistência de intérpretes.

"Gostaria que BrightSign desse às pessoas com dificuldades de audição ou de fala a independência e a de que todos desfrutamos quando comunicamos uns com os outros. Quero dar voz aos que não podem falar”, explica a saudita Hadeel Ayoub, inventora e fundadora da BrightSign. (fotos: Cortesia de BrightSign).

O que levou você a desenvolver a tecnologia de assistência?

Comecei a desenvolver a luva como parte do meu projeto de doutorado, cujo tema era o uso do reconhecimento dos gestos na tecnologia “usável” (wearable). Fui selecionada por minha universidade para participar de uma hackatona, isto é, um encontro de colaboração intensiva, (organizada pela IBM sobre inteligência artificial (IA) para a assistência social e comecei a procurar uma aplicação para o reconhecimento dos gestos com impacto na comunidade. Como conheço a língua de sinais, foi fácil adaptar e testar o sistema no qual vinha trabalhando para reconhecer os gestos e traduzi-los em voz. A princípio, o sistema era extremamente simples, mas as reações despertadas quando ganhei a hackatona IBM, mostrando que essa tecnologia atendia a uma real necessidade me convenceram a fazer desse desenvolvimento o foco da minha pesquisa.

Qual é o tamanho da necessidade efetiva desse tipo de tecnologia?

A primeira língua de milhões de pessoas mundo afora é a língua de sinais. Os dados estatísticos são gritantes. Setenta milhões de pessoas têm surdez profunda e 230 milhões têm deficiência auditiva ou perderam a fala devido a autismo ou AVC. Além disso, 90% das crianças surdas têm pais ouvintes, e somente 25% desses pais utilizam a língua de sinais. Consequentemente, a comunicação pode ser um enorme problema.

Nosso estudo de mercado mostra que somente 2% das pessoas com deficiência auditiva têm acesso à tecnologia de que precisam para comunicar, porque é muito onerosa ou não pode ser adaptada às necessidades individuais do usuário. É por essa razão que a BrightSign, empresa que cofundei em 2017, objetiva criar um produto personalizável e a preço acessível. Nossa luva é destinada a qualquer pessoa cuja principal maneira de comunicar seja a língua de sinais ou que tenha dificuldades de audição ou de fala. Nossa meta é dar voz aos que não podem falar.

Fale mais sobre essa tecnologia

Inicialmente, a luva era produzida com uma biblioteca de língua de sinais predefinida. Bastava o usuário pôr a luva, fazer os sinais e a luva traduzia os gestos em fala. Porém, depois de trabalhar de perto com diferentes usuários, percebi que as pessoas fazem sinais de maneiras diferentes e usam bibliotecas de língua de sinais diferentes. É por essa razão que decidi incluir no projeto de luva um algoritmo de aprendizado de máquina (machine learning) para aprender com os sinais do usuário de modo que cada usuário pudesse treinar sua luva com seus próprios gestos e criar uma biblioteca de língua de sinais personalizada. Vários sensores foram integrados à luva para medir, monitorar e registrar os movimentos da mão do usuário. Os dados coletados são processados por um aplicativo que expressa os gestos na forma de texto e/ou voz. Os usuários também podem selecionar o idioma (inglês, francês, árabe etc.) e a voz (masculina, feminina, infantil etc.) em que a luva vai “falar”. A luva converte os gestos em texto, que aparece na tela no punho, em seguida em voz, por meio de um pequeno alto-falante, também embutido no punho. Quando o aplicativo é usado, o texto aparece na tela de um dispositivo inteligente emparelhado e é vocalizado por meio dos alto-falantes desse dispositivo. Na verdade, a luva é um sistema de comunicação bidirecional para pessoas com deficiência auditiva ou de fala poderem comunicar de maneira autônoma e direta com outras pessoas, sem intérprete. Graças à funcionalidade do dispositivo, pessoas com movimentos limitados, como vítimas de AVC, ou idosos que sofram de perda de audição, também podem utilizá-la. Durante os últimos dois anos, criei vários protótipos, acrescentando recursos e funcionalidades para personalizar a tecnologia e facilitar sua utilização. E o trabalho continua.

Por que é tão importante que a luva seja personalizável?

A língua de sinais, como a língua falada, tem diferentes bibliotecas, e cada indivíduo usa a língua de sinais da sua própria maneira. Com a nossa tecnologia, cada usuário pode treinar a luva de acordo com sua própria capacidade motora para que entenda e traduza esses sinais em fala. Essa tecnologia lhe dá controle total sobre as bibliotecas de língua de sinais e a comunicação verbal, o que a torna útil para qualquer pessoa com dificuldades de audição ou de fala.

O que faz seu produto se destacar no mercado?

Ele se destaca pelo fato de ser personalizável e pelo preço acessível. Vamos comercializar nossa luva por cerca de GBP 600 (USD 740). Outra tecnologia disponível e usada pelas escolas com as quais temos trabalhado custa cerca de GBP 2.000 (USD 2.465).

Quanto tempo levou o desenvolvimento?

Venho trabalhando no desenvolvimento da luva há três anos. Durante esse período, graças ao feedback das escolas com as quais temos trabalhado, a tecnologia se transformou radicalmente. Atualmente, estamos nos preparando para passar à fase de produção.

Como as crianças têm reagido à luva?

No início era um brinquedo, mas quando eles entenderam para que servia, ficaram muito animados e começaram a treinar as luvas para comunicar diretamente com as outras pessoas, sem a assistência do professor ou de seus pais para fazer a tradução. Essa mudança de patamar de independência e liberdade é exatamente o nosso objetivo.

Quais foram as dificuldades técnicas a serem superadas?

Como ocorre com toda a tecnologia “usável”, o maior desafio é reduzir as dimensões do hardware para que possa ser usável, seguro e simples. No nosso caso, também tivemos de criar uma luva que fosse impermeável e lavável, de maneira que as crianças pudessem brincar livremente sem se preocupar se o aparelho ficasse sujo ou molhado. Testámos várias soluções e agora estamos usando sensores laváveis. Tivemos de superar vários desafios técnicos antes de chegar ao atual estágio de desenvolvimento. A luva suscita muito interesse. Já começamos a registrar pré-encomendas no nosso site. Depois de finalizar o design operacional da luva, vamos passar à fase de produção e esperamos começar a expedir as encomendas no fim do ano.

BrightSign, uma luva inteligente que opera com auxílio de IA para ajudar os usuários da língua de sinais a comunicarem diretamente, sem a assistência de intérpretes. (fotos: Cortesia de BrightSign).

Quais são seus mercados-alvo?

O Reino Unido é nosso principal mercado, seguido dos EUA. Nos demais mercados, como o do Oriente Médio, vamos conceder a licença de uso de nossa tecnologia a fornecedores locais. É a opção mais viável, porque cada país tem seus próprios requisitos para a certificação de aparelhos inovadores de cuidados médicos como o BrightSign. Para nós seria simplesmente impossível lidar com os requisitos específicos de cada mercado, por isso decidimos trabalhar com parceiros locais. O processo de identificação de fornecedores oficiais na Arábia Saudita como nos Emirados Árabes Unidos já está bem avançado.

Por que startups como a BrightSign devem se preocupar em proteger a PI e qual é sua importância para a empresa?

Desde o princípio, percebemos a importância da proteção da PI. Alguns investidores nos informaram que teriam uma percepção mais favorável do nosso produto se estivéssemos protegidos. Já faz algum tempo, depositei um pedido de patente nos EUA, mas depois de criar a empresa, nossos advogados especializados em patentes nos recomendaram retirar o pedido. Agora que miramos o mercado mundial, vamos depositar um pedido de patente internacional nos termos do Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes (PCT), que compreende mais de 150 países. Faz muito mais sentido, especialmente devido aos enormes avanços da tecnologia. Hoje temos novos pedidos a depositar e o respaldo de um investidor, mas no início de nossa atividade não tínhamos condições financeiras para investir na proteção da PI de maneira mais ampla. Decidimos que a melhor maneira de avançar era nos concentrar no desenvolvimento de uma tecnologia capaz de suplantar as tecnologias existentes em termos de desempenho e de custo. Agora que isso está feito e temos apoio financeiro, estamos trabalhando para proteger nosso hardware e os componentes eletrônicos antes do lançamento formal do produto no fim do ano. Para nós, a importância da proteção da PI é imensa, especialmente à luz de nossos planos de concessão de licença do uso da tecnologia a nossos parceiros locais e da necessidade de nos proteger contra imitações que possam utilizar-se do nosso trabalho.

A luva BrightSign recebeu vários prêmios. Como isso ajudou sua empresa?

O desenvolvimento da luva envolveu a criação de vários protótipos.
Cada nova versão ganhava novos recursos e funcionalidades para
personalizar a tecnologia e facilitar sua utilização
(fotos: Cortesia de BrightSign).

Muitas das premiações foram organizadas por grandes corporações em parceria com grupos de mídia de peso. Isso significa que aparecemos muito nos meios de comunicação. Por exemplo, ganhámos o AI for Social Care Award da IBM em 2018; o Technology Playmaker Awards 2018 (categoria Impacto na Comunidade) do Booking.com; e o 2018 AXA Health Tech and You Awards (categoria Mulheres Empreendedoras na Tecnologia para a Saúde) da AXA PPP Healthcare. Esse sucesso deu origem a artigos de fundo sobre nosso trabalho em meios de comunicação como The Guardian e Forbes. Também fomos convidados a participar do programa “One Show” da BBC, a que assistem cerca de 6 milhões de telespectadores. Os prêmios foram acompanhados de pequenas somas de dinheiro, porém o mais importante é que tivemos publicidade gratuita, o que nos permitiu atingir milhões de pessoas. Um dos prêmios também incluía um escritório gratuito num espaço de coworking, assim nós pudemos compartilhar nossas experiências e fazer contatos com outras startups. Foi uma experiência muito enriquecedora e útil.

Qual foi sua maior realização até hoje?

BrightSign corresponde perfeitamente à minha formação. Além de ter sido genial contribuir de maneira original para a área do conhecimento, fico ainda mais orgulhosa pelo fato de ter produzido algo que pode ajudar crianças e adultos do mundo inteiro.

Como você gostaria que sua tecnologia fosse usada?

Gostaria que BrightSign desse às pessoas com dificuldades de audição ou de fala a independência e a liberdade de que todos desfrutamos quando nos comunicamos uns com os outros. Quero libertá-las da dependência de outras pessoas para traduzirem os diálogos. Quero dar voz aos que não podem falar.

Como você acha que a tecnologia usável vai evoluir?

Acho que os produtos com tecnologia usável ficarão cada vez menores, mais simples, leves, duráveis, personalizáveis e ocuparão um lugar cada vez mais importante nas nossas vidas. Na área de cuidados médicos, por exemplo, a tecnologia usável está sendo empregada para monitorar e controlar o bem-estar dos pacientes e já vem salvando vidas.

Você tem contato com inventores da Arábia Saudita?

Tenho. Embora eu tenha contato com vários empreendedores e startups da área tecnológica na Arábia Saudita, atualmente estou morando em Londres e é aqui que estão meus principais contatos. Mas um dia gostaria de voltar para a Arábia Saudita a fim de compartilhar minha experiência e contribuir com todos os que trabalham atualmente na criação de uma cena de startups pujante no país.

Quais são as próximas etapas para a BrightSign?

A prioridade nº 1 é defender minha tese! Em seguida vamos para a Nova Zelândia firmar um contrato com um fabricante para poder começar a expedir as encomendas no fim do ano.

Qual é seu conselho para as meninas que aspiram a entrar na área de tecnologia ou de negócios?

Vá em frente. Concentre-se no seu objetivo e não dê ouvidos às pessoas que dizem ser impossível. Tropeços sempre haverá, isso é normal. Se cair, levante-se, erga a cabeça e siga em frente.

A Revista da OMPI destina-se a contribuir para o aumento da compreensão do público da propriedade intelectual e do trabalho da OMPI; não é um documento oficial da OMPI. As designações utilizadas e a apresentação de material em toda esta publicação não implicam a expressão de qualquer opinião da parte da OMPI sobre o estatuto jurídico de qualquer país, território, ou área ou as suas autoridades, ou sobre a delimitação das suas fronteiras ou limites. Esta publicação não tem a intenção de refletir as opiniões dos Estados Membros ou da Secretaria da OMPI. A menção de companhias específicas ou de produtos de fabricantes não implica que sejam aprovados ou recomendados pela OMPI de preferência a outros de semelhante natureza que não são mencionados.